quinta-feira, maio 14, 2009

Chamar a Música, Parte I

O futebol é viveiro das mais variadas estirpes cromáticas, dando a conhecer ao Mundo características de determinadas personalidades que de outra forma estariam enterradas debaixo de uma pedra.
Exemplos há aos pontapés, desde às extraordinárias capacidades de actor de Luís Figo, ao sucesso de João Moutinho como empresário, até às revelações de Romicha e Chipenda como poetas, ou de Petar Mitharski como estofador de reconhecido gabarito.

Porém, estamos aqui hoje para falar de música. A música, tal como um drible de Ali El Omari, existe para nos ofertar momentos de êxtase, para nos reconfortar, envolver num doce abraço ou mesmo como forma de dar a volta à cabeça de uma jovem fêmea, embalada pelo canto romântico de um qualquer Clemente. Há mesmo quem diga que o canto musical é uma forma de engate mais eficaz que a cerveja ou que o visionamento do Sérgio Lavos a projectar muco para o relvado num Domingo à tarde.

Como tal, apresentamo-vos os futebolistas mais melódicos do panorama cromístico nacional, e suas infames desventuras no Mundo da K7 pirata e maxi-single da feira.

Respeitando a venerada ordem cronológica, iniciamos a nossa demanda por Itália, carismático País de inusitada formosura arquitectónica, de saboroso arrojo gastronómico e de Emanuele Pesaresi.

Corria o ano de 1981 (ainda faltavam 9 para o nascimento do messias Jonathan Matías Urretavizcaya da Luz) e na localidade de Avellino brilhava intensamente um diminuto avançado brasileiro, explosivo no arranque e de sorriso fácil no rosto. Dava pelo nome de Juary Filho e iria um dia escrever pela sua pena uma bela página do futebol europeu e mundial.

Mas primeiro, o cataclismo.





















Famoso pelos números de samba que realizava em torno das bandeirolas de canto depois de molhar o feijão na tapioca, o veloz Jotinha cultivou uma pequena horde de fãs. Um deles teve a infeliz ideia de lhe dar um microfone para a mão direita, uma pandeireta para a mão esquerda, e um artista gráfico presumivelmente amblíope para desenhar (?) este quadradinho de prazer que aqui vêem.
Juntem-lhe uma fotografia representativa de um Juary a berrar aos sete ventos "Tenho prisão de ventre!", e temos a receita macabra que resultou em "Sará Cosi", álbum também conhecido como "a primeira incursão do samba italiano pelas amargas vielas da depressão profunda".

Podem adquiri-lo por 15€ no Ebay. Eu não esperava nem mais um segundo, mas cada um sabe de si.

Linda de Suza não ficou famosa pelos seus dotes futebolísticos (ainda que Teolinda Joaquina - o seu nome de nascença - rivalizasse com um qualquer Rúben Micael deste Mundo), mas decidimos incluir a mademoiselle luso-francesa nestas infames desventuras do casamento melódico-cautchú.















Em 1987 (3 anos antes do nascimento do messias Jonathan Matías Urretavizcaya da Luz) vivia-se a loucura gerada em torno do genial astro argentino Diego Armando. Sendo uma astuta mulher de negócios, Teolinda decidiu elaborar uma receita que a levaria a patamares até então só ocupados por Amália Rodrigues. Era certinho: pegar na fama galopante da hiperactiva cantora de voz cristalina e adicionar-lhe o renome e proveito do melhor futebolista do Mundo.
Hm. Se calhar não era assim tão certo. O resultado final foi uma amálgama sonora tão estrambólica e desconfortável quanto um romântico beijo entre a Zita Seabra e o Vital Moreira num congresso do Partido Comunista.

Porém, Teolinda, com a sagacidade e tenacidade que a caracterizavam, não se deu por derrotada. Planeou cuidadosamente o regresso à ribalta, num cirúrgico remake que iria fazer o seu primeiro "casamento" com o esférico cair no esquecimento. No ano da graça de 1994, a chanteuse faria o seu retumbante retour às costas de um insigne joueur de foot, e obter a sua révanche perante o público luso-francês. Para tal, a nossa Suza decidiu seleccionar um indivíduo que fosse representativo de características comuns à própria baladeira e ao 10 argentino:
Rui Esteves.

Descrito por mais do que uma vez como um "Maradona contrafeito", este loiro elfo dos relvados carregaria a sua valise en carton por 11 clubes ao longo da sua carreira como profissional, cotando-se como um emigrante de luxo em Países como Inglaterra, Coreia, Allgarve e China, bem à imagem da cantatrice que o tomou como Musa.

Infelizmente, esta parceria correu tão bem quanto a primeira, arrastando Teolinda de Suza para uma precoce decadência e precipitando o final de sua carreira como a Tony Carreira feminina. Esteves, que destrocava futebol a alto nível no Sado antes desta aventura extra-futebol, recebeu o mais letal beijo da morte que um futebolista poderia almejar: uma transferência para o Benfica de Artur Jorge.

Não foi, com toda a certeza, o final feliz que todos desejariam, mas de uma coisa podemos ter a certeza. O vencedor não foi a música.

Iremos postar mais álbuns de referência musical-futeboleira em breve. Stay tuned.

3 comentários:

Gino Magnacio disse...

Es o Julio Iglesias da blogosfera.

Patric disse que Rui Costa e "Deus", JJ sera oxala o proximo treinador do Benfas, so falta Nuno Espirito Santo e teremos a Santissima Trindade na Catedral da Luz.

Ja imagino os "mindgames" com PB e J"Pepsodent"Ferreira, as tricas junto a linha, os post-comentarios em jogos europeus.

-JJ como se sente depois desta derrota por 6-1 contra os cipriotas do Neo Salamis (com arroz ou em pao Neo Salamis e sempre bao....voce ja viu um branco de carapinha ou um preto de cabelo loiro? Restaurador Olex Bunbury, sim o vocalista dos Heroes del Silencio a claque do Uniao de Leiria).

- JJ porque nao joga o irmao mais bonito da familia Ribeiro?

- JJ que champo usa para a Casquilha?

As capas da Bola e do Record por altura da Pascoa e do Natal ou melhor durante todo o ano.

Golo de Roma crucifica Jesus

Milagre em Fatima

Anónimo disse...

rui esteves= loiro elfo diego contrafeito
hehehehe

Rodrigues disse...

Por isso o Juary jogava tão poucos minutos! A cabeça dele estava com o microfone (salvo seja)! E as pessoas ainda não estavam preparadas para a técnica do Rui Esteves nem para o arrojo gráfico do trabalho da Teolinda. É pena, mas os futuros compêndios de História far-lhes-ão justiça.

("Far-lhes-ão" soa que é um espectáculo)

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...